O amor e o leite das lobas são iguais.
São, ao menos, semelhantes.
Nutrem aquilo que nasce nos seres,
E os muda para sempre!
Surgem da mudança do corpo,
Que de corpo vira alimento.
Que se dá ao limite da sede do ser amado.
Porém, empedra quando este, saciado.
É o lado de lá, do amor não correspondido.
Do que se junta, e não se tem para quem dar.
Dói. Dói por dentro, seca, e faz o peito, pedra.
Rijo e triste, só tem uma cura: amolecer,
ou virar ódio e fagocitar-se!
Se amolece, porém, sem controle,
Amor retido, amor ainda é,
Jorra!
Então como um seio farto, jorra amor,
para que tanta sentimentalidade nunca endureça por dentro.
O amor jorra então como for.
Um poema que brota entre as mãos no volante,
preso ao engarrafamento.
Um olhar paciente, amoroso, para alguém que se atende.
Uma calma ao ajudar,
Um paz ao explicar a quem te machuca,
e mais ao fazer surgir o arrepender.
Mesmo assim, o leite não surgiu por amor a nenhuma destas pessoas.
Mesmo assim! Leite é sempre alimento!
Amor, sempre amor!
Se acariciado, buscado, querido, jorrará.
Negado, vai secar, endurecer e doer, matar.
Posso querer doá-lo, loba sem rebentos,
Mas sem bebês para mamá-lo, não sai,
Sem quem dele precisa, não liquidifica,
Sem a fome de ser amada,
não haverá o nutrir do amá-la, meu amor.
Poesia
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Literatura
Crônicas e prosa