Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Seca mata
A mata seca,
A flor seca,
A seca segue.
Mas, além da seca,
Chuva forte também mata flor.
Mata árvores, mata.
Seca, chuvas,
Seca, molha.
É estranho como o doar pode ser de doer.
É estranho como segue a vida,
mas sem ter de tudo,
Segue até bem, pois aguenta o pouco ter.
Já o que é dado com força,
chuva de pedra, destrói o frágil.
Só deixa o forte, só aguenta o rústico.
Já o que se tem por certo,
água de fosso, na terra, só traz a paz.
Com água, e seca, as flores brotam, e o belo e delicado mundo avança.
Há o belo no forte, e no delicado.
Mas forte e delicado, só quando dá.
Os ipês mesmos, são sempre fortes – tronco.
Delicados e belos – flores – só na seca.
Na força das chuvas, só o forte dos troncos, o verde das folhas.
Lá dentro, na alma de planta, seiva, espera,
em genes de gemas de botões de topo,
Flores.
Belas e delicadas, parte do rústico e do forte.