Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Houve uma morte.
Não tão profunda e irrecuperável quanto a morte que este livro,
gerou.
Mas a horrível morte de uma certeza que não devia ter nascido.
Nascida da certeza do amor, vivo, pariu-se a da continuidade.
A certeza morta, devorada pela dúvida que decompõe,
a alma.
Se a sua presença, meu ar, a falta, asfixia.
Morta, no não estar, ou não perceber,
Na cegueira de dois lados opostos:
Nunca se vê o sentido, sendo a mesma,
Direção.
Na ambigüidade de cada mensagem,
ou quase mensagens. Na dúvida um dia aprendida, antes do almoço,
verdade, confundida na singela maneira de já dizer minha,
Quando não era. Porém, vivida nos inúmeros fins e retornos,
que criaram quereres com cara de vício.
Em tanto querer chorado, não posso, nunca pude atender.
No re-editar dos poemas sangrados, de outros fins passados,
Da mesma morte recorrente. Nasce, verme decompositor,
A certeza, crescida na falta, que causo eu estando lá, e que vivo,
Estando só.
Pare então o morto, e homenagem surja à vida que continua, no sentir-se muito, no perdão, no amor, na gratidão. Que fale outro poeta muito melhor, mais amado, e menos abandonado.
De Vinícius de Morais. A FORMIGA
As coisas devem ser bem grandes.
Pra formiga pequinina
A rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina.
A gota d’água, um manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É um navio a navegar.
O bico de pão, o Corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados,
Ovelhinas pelo monte.