Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Seduzi uma gata no muro.
Bela, escura, e carente.
Trouxe-a pelo cheiro,
Envolvi seu rosto em carinho.
Dei amor, até ser imprescindível meu amor.
Arrastei-me então, para longe,
deixando para trás minha mão,
mole mas nada boba,
mostrando meu rastro muro afora.
E a mão me dizia, pelo rastro dela, que a tinha cativado.
Feliz, a enchi de carinho ainda mais.
Trouxe-a ainda mais perto, e ainda mais,
Mais, mais,
A inundei de mim.
E fiz, de coração, tudo para tirá-la do muro,
E pousa-la, salva, no meu colo,
ainda mais quente, mais amoroso, mais pleno.
E no fundo, sabíamos, saciada ela ou eu,
Só havia o muro para ela voltar.
Gata maravilhosa aquela,
Não veio.
Daqui, ainda penso, tão dividido,
E se eu subisse o muro, mudasse de quintal,
Levasse minha gatinha?