Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Daqui, tão perto, nada penso.
Só faço o que ele melhor me ensinou.
Jardinado, então, deixo ali seu túmulo.
Tão longe. Lavo a mão, a ferramenta,
meticuloso limpar do esforço que me tirava dali.
Agora, tão belo e sempre o mesmo, o túmulo.
Perto, ou não, ali sem tempo nenhum,
Os dias nada servem, e então serve o fato,
visceralmente vivido, de que nada nunca vai mudar.
O enterro foi agora, ontem, um ano. Foi o enterro de um pedaço de mim. Aquele de mim que veio do outro, que em mim se implantou como eu mesmo, do jeito sem nada mudar, como sou eu nas minhas filhas, que tanto me amam, que me assusta o tanto amar.
E ao mesmo tempo, me enchem da paz de ser tão amado quanto tanto amor eu dei, pois as amo tanto, que quero que o pai que assim tanto me amou, enfim,
Descanse em paz.
A dor de tal saudade, tal dor que dói e nunca passa, é a marca indelével da certeza de amar até o destroço da alma, onde, destroçada e imortal, alma se refaz, e eterna é neste sentimento que com a própria vida se confunde.
Viver ou não, é a arte de querer, ou não, se afundar no amor que um dia te lançará num vôo sem pouso, na direção do absoluto.