Como se fosse um saveiro desenhado pelas palavras de Jorge,
Amado caminhão, pequeno estranho caminhão,
Me navega nestas rotas, de lá e de cá.
Como saveiros de Jorge Amado, caminhos das baias da Bahia de Todos os Santos,
faz meus caminhos, meu barquinho, em rotas de asfalto.
Como marinheiros de Jorge Amado, tenho medo de lá morrer,
Mesmo sem ter na terra Iemanjá para me levar, tenho medo de no asfalto ficar.
Tão horrível seria, mas este mar sei navegar.
Sem Iemanjá, conto com os ventos de Iansã, e esta não me quer levar,
me quer indo e vindo, pois alí é que depuro e melhoro, ou só vou e venho.
É neste barquinho que choro e ninguém vê,
É nele que sou eu, o eu que ninguém sabe.
Nele eu fumo, escuto música, olho o céu, faço poemas.
Quase todos, muitos, dos melhores, surgem das relvas longes,
Das árvores que não alcanço, das montanhas que me são ondas.
No meu barquinho eu choro, eu gargalho, nele eu sou o que sou,
Nele eu vou só, e só é que se é feliz.
Se um dia for feliz com alguém, é porque só, já se é feliz.
Não florzinha...
Tema só passar pela vida
e esta passagem ser vazia.
Tema passar sem sofrer,
Sem viver,
Sem amar.
O que te parecem espinhos,
são presentes para a alma.
São os frutos da coragem,
são o retorno de tudo que se doou;
ame e sofra,
ame e viva.
Criança, bicho e lixo!
Gritavam e sacudiam.
Cãozinho, sacão,
Fedidinho, fedorzão!
Casa da avó, tudo junta,
O lixo, só levo eu.
As crianças, também,
O bicho...ficar não podia!
Lá junta criança,
Lá pintam uns bichos.
Criança e bicho: sujam!
Criança, bicho e lixo!
De lá só sai de elevador!
De escada pode,
Mas a gente usa o quadrinho!
Só que lá dentro, cara feia, velhinha!
Pode descer minha Senhora!
Este lixo é d´outra velha,
As crianças d´outra avó,
O cãozinho, d´uma delas!
Agora vamos!
E grita, e pula e berra,
E fede, ri e gargalha!
Por que criança ri de peido e fedor?
Criança, bicho e lixo!
É tanta alegria e tão pouco valor!
Quem diria?
Saco preto, cão marrom!
Cinquentão, ainda forte.
Nunca esmaeceu, sempre vívido.
Forte e robusto, atlético ainda.
Imune ao tempo naquela manhã estava.
Foi correr na rua.
Viril e másculo assim, claro, foi notado.
E logo ela. Passou, e um sorriso recebeu.
Logo ela! Notou sua força imbatível, ela.
Logo hoje, ela foi correr sem dentadura,
Não ousou descolar os lábios.
Poesia
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O senhor SWEDENBORG e as investigações geométricas
Literatura
Crônicas e prosa