[Re-editado em homenagem ao Barroco, em apoio ao Antônio após o incêndio deste dia 25 de janeiro de 2014]
Desenhar é como poesia:
fotografar por partes,
Cada pedacinho.
Se não fosse assim,
poetizando as paredes do barroco com meu lápis,
Nunca veria ali,
num canto, inútil,
aquele velho telefone público,
em meio a tanto barulho.
Afinal, aqui, calam-se pessoas,
gritam as paredes.
Falam as paredes,
lhe dizem mais, as pessoas.
Aqui, tudo grita,
mas é esquisito
(falado não como nós, mas como belo, diriam portugueses)
como pode ser tranquilo.
É esquisito
(falado como nós, mesmo estranho, estranho demais),
aqui, querer sair daqui,
mesmo que via um orelhão de parede.
Aqui está, e li vendo meio embaçado, ou todo embaçado, o quadro ali do outro lado, uma das últimas fotos do papai forte e feliz, soberano no seu chapéu preto, camisa preta, mafioso e senhor de si.
É mais que ter a chance de não se arrepender do não viver a vida de seu pai até o fim. É a certeza de que ele doou o melhor que tinha para ti: o exemplo sem máscaras do que fez dele um homem feliz, ou dele um homem infeliz.
Nenhum pai que merece seu amor jamais te esconderá isto – o exemplo do certo e errado, acima das certezas dele sobre estes mesmos valores e experiências. Ciente disto, se um bom pai teve, como eu tive, segue sem sombras de dúvidas de tudo de errado que está fazendo, do buraco em que se meteu e, melhor e mais importante, da certeza de que vai achar o caminho para fora deste buraco e sorrir o que seu pai não sorriu.
Assim, sorrindo o que ele não deu conta, muitas vezes por você e pela a mãe que ele te deu, sorrirá pelos dois, e não precisará que ele tenha lhe ensinado a escolher seus amores, como fez o florista. E vai então sorrir o que ele mais sorriu: ser pai de você.
(Por que sei que não sou tão poeta assim? Porque leio quem o é: Impagável Carpinejar, este tu inspirou!)
Muito calor, muita chuva, lá vem o céu!!
E que venha, chuva suave ou forte,
que venha enxague, molhe, lave e nutra!
Que venha, leve meus medos na enxurrada,
lave minha alma nas água de suas goteiras,
me livre do mal destas pessoas, tão más.
que as se livrem de meus péssimos hábitos,
estes de vê-las, estas gentes tão puras, assim, tão más.
Mas se más elas forem, ai se certo eu estiver!,
que Xangô não as livre de seus raios,
Iansã leve suas cinzas para Oxum lá nos rios,
E Oxum as carregue para Yemanjá lá no mar,
e lá que adubem a vida que volta, melhor do que foi!
Shangri-la arde em chamas.
O Inferno, em festa.
A descida de um nativo, enfim!
Mas vai sem nada levar?
Levou vidas e esperanças por décadas,
Por todo o período de minha própria vida.
Destruiu a dignidade Israelense,
fez do Judeu um povo assassino.
Deixou o silêncio conivente da mídia,
Um mundo mais cruel que o do Holocausto?
A culpa de terrorista nos ombros dos oprimidos.
Saiu da Terra no rastro de horror que plantou.
Mas plantou sobre pobres, na periferia do mundo dele.
Mostrou que se pode oprimir, se o oprimido não é rico.
Mostrou que pode sufocar a reação, e sufocou.
Seu rastro de horror é tão vibrante, tanto...
que parte do paraíso, por esta causa, para mim, se incendiou ao ver ele partir.
Largados em um velho armário,
Esboços de rostos, ensaio estudantil.
Esboços lindos, mas abandonados pela autora.
Largados em um velho armário, dormiram... até que um dia...
Em fúria sanitarista, quilos de papel da casa para fora.
A dona lá não mora, e a arte, em papel, lá ficou.
Rolos de papel pardo, rolos bons, por dentro, arte.
Rolos postos na rua com quilos d´outros de papéis mis.
Papel hoje é ouro, e antes do coletor oficial de lixo,
ou imposto?,
passam hordas de catadores, a busca do ouro que não nos cabe mais.
Tudo levaram naquela manhã, menos a mala velha, e a arte.
Quase almoço, quase o Caminhão oficial, minutos antes, o senhor.
Um velhinho, pequena sacola, coletor seletivo e precioso.
Busca a coisa certa, levou pequenas tranqueiras, e os rolos.
Rolos de arte ele carregou com muito cuidado.
Não amassou, não rasgou, não dobrou.
Vi o bom velhinho subindo o morro, forte e firme,
Levava os rolos bem enrolados.
Sabe-se lá, vai saber.
Eu de cá, preferi só crer, ingênuo...
A arte abandonada teria de novo uma parede e olhares a lhe admirar.
Poesia
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O senhor SWEDENBORG e as investigações geométricas
Literatura
Crônicas e prosa