Na árvore não tenho barba branca,
Não tenho quarenta e cinco,
Não tenho tanto a fazer.
Na árvore, tenho minhas calças curtas,
Meus 12 anos, minha vontade de subir.
Na árvore guardo quem eu sou.
Perdi o meu poema,
na copa de minha acerola.
Lá bem onde o fiz.
Caiu pelos galhos, como acerola,
ou flutuou, feito folha seca?
Falava de árvore, de galho,
de escada? Falava dos frutos,
Que não pego todos,
Pois gosto tanto tanto
de passarinho, mais até que de Acerola?
Enquanto catava acerola,
Bem por cima do muro,
alguém,
que acerola pegaria,
Meu poema pegou.
Minha vida acomodou e fechou-se entorno de nós, três gentinhas de nariz empinado, emoldurada por uma casa e seus bichos e suas plantas.
Finda esta lógica, aqui não era para caber, nem faltar nada, nem menos, alguém.
Fiz para não caber e de nada, ou ninguém, precisávamos.
Ainda assim, mais que coube. Muito mais do que só acomodou.
Pensei em Huxley, tão feliz, mas já tão lá. Ele existia com a falta que lhe fazia tanto carinho e amor,
Penso nas mais plantas, nos vasos com mais terras, nos novos vasos.
Assim, tudo estava no lugar, mas não se via que pequeno era este lugar.
Amplo, paredes distantes e, por dentro, apertado sem você.
Veio ela no susto, no choro, no abandono, mas com desejo que pulava do rosto. Pulava daquele sorriso largo, sonoro, branco e lindo, feito de todo seu sangue negro.
Desejei que ficasse, e ela ficou. Desejei que nos amássemos, mas já nos amávamos, e há mais tempo do que sabíamos.
Não queria mudar nada, e não mudei. Abri uma porta, e se abriram as janelas, entrou luz, vento, ar puro, entrou você, e como flores de amarelo ao vermelho em um jarro iluminado pela alegria de crianças.
Que fique você,
que felizes, nós e você neste nós.
Poesia
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Crônicas e prosa