Uma toalha de mesa
sem manchas de vinho
É um porre sem embriaguês!
É a vida limpa
Aborrecida,
Sem fado,
Sem samba.
Sem choro,
Sem risos,
É o formal,
O porre,
O demais.
Afinal, não é?
Melhor ele velho,
Rasgado mas bem cozido,
Que o terno novo,
Numa alma velha,
e cansada de não sorrir.
(em homenagem ao bar do Barroco, rua Direita, Ouro preto, Brasil.)
Desenhar é como poesia:
fotografar por partes,
Cada pedacinho.
Se não fosse assim,
poetizando as paredes do barroco com meu lápis,
Nunca veria ali,
num canto, inútil,
aquele velho telefone público,
em meio a tanto barulho.
Afinal, aqui, calam-se pessoas,
gritam as paredes.
Falam as paredes,
lhe dizem mais, as pessoas.
Aqui, tudo grita,
mas é esquisito
(falado não como nós, mas como belo, diriam portugueses)
como pode ser tranquilo.
É esquisito
(falado como nós, mesmo estranho, estranho demais),
aqui, querer sair daqui,
mesmo que via um orelhão de parede.
No silêncio se encontra a mais impressionante felicidade.
Mas só no silêncio de não falar.
É um processo,
Duro,
conquistado por Santo Inácio,
ensinado a poucos.
Eu aprendi na solidão de lugares apinhados.
Me basta papel,
Tempo,
Cerveja,
Panamá,
Mercado Central,
Barroco,
Maleta.
Cala-se a si mesmo por dentro
ao olhar,
e ao desenhar.
(com linhas, com letras).
Em pouco,
aos poucos,
Se instala o mais súbito,
Notável,
Belo,
Silêncio.
De dentro dele, sei
(não escuto, sei)
Do trânsito na rua à frente,
Da quebradeira na loja em reforma,
Das diversas mesas atrás
(sim, por alguma razão sei mais do falar atrás e longe... estas famílias na minha frente, do que falam nada sei!)
São muitas vozes,
Separadas em umas seis conversas,
Mais outra lá dentro da cantina do Lucas.
E volto ao meu mais absoluto silêncio.
A quietude que se encontra
No fundo de uma floresta tropical ao meio dia;
Nos corredores de um sebo perfumado com tantas páginas velhas,
seus fungos,
tintas,
poeiras e papel;
E no poço recolhido,
Amoroso, quente e
Estranhamente iluminado,
Hora de rosa,
Hora de verde,
Hora de vermelho,
Azul,
e amarelo,
Da minha alma macumbeira.
Nota amorosa – dizem que os mais belos casais sabem gozar profundos momentos em silêncio-acompanhado. Sabem estar em si, no conforto do outro, não saem de si, para alguém perturbar com suas faltas e frustrações, não se completam, são, aos pedaços, juntos.
Por que não faz um poema sobre isto?
Pergunta que me faz pensar...
então já os terá lido?
Espuma bege em calda marrom...
Afinal, por que não?
“Espuma bege em calda marrom,
Se faz em manchas que se vão e vem.
Não as desenho, pois delas só quero aroma,
Não as cultivo, pois delas só quero o que me lembram.
Cobrem a calda preta, dona do Buquet,
variado, rico, sempre o mesmo na confusão de tudo que é.
Se faz assim, melando o pó em calda na água quente,
Sem nunca ferver.
Se faz assim,
filtrando em pano,
que deixa passar todo gosto,
que faz escapar todo cheiro.”
Um dia ansiosa do chão,
Prendi-a no alto de uma escada.
Acalmada da sua ânsia de subir,
Pedi-lhe que prestasse atenção.
Olhasse, escutasse.
Sentisse e gostasse.
De pouco a pouco,
quis tanto que quis voltar.
De mais um pouco,
era hora de ser dona de suas rotas,
De suas árvores,
do “me superar”.
Plantei de novo nesta floresta, um escalador na alma de alguém.
Desta vez mulher,
forte e doce,
liberta e presa,
perfeita assim!
Solta para subir sem o desprendimento do cair!
Perfeita assim,
capaz de encantar,
mas forte para prosseguir.
Firme para virar,
torcer, sujar... amostrar!
E descer salva,
Descer feliz.
No chão, gostou da espuma de meu café e mais de você, Alice me fez gostar.
Poesia
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