Parte dos Poemas são escritos e rabiscados.
Para estes, fiz uma seleção vinda do livreto
"Uma semana atoa em Lisboa"
e re-apresento com os rabiscos originais.
Correm soltos, uns pequenos,
outros, muito grandes.
Estranho e desagradável assim,
visto nos vídeos de todas as lojas.
Pessoas arremessadas,
pisadas,
chifradas, e
Toiros, inocentes,
atormentados...
Soa mesmo mal.
Mas soa mal tanto daquilo
do que não entendemos.
O medo de se perder,
misturado à vontade
descontrolada de ir!
Soa estranho, mas quem já esteve lá,
sabe como é maravilhoso.
Tem tudo, casa, abrigo, família, amor e
não troca por nada.
Tudo largaria (o mundo todo)
para ser só o que já tem...
Mas ainda assim, segue partindo.
E vou largando aos poucos este partir,
para querer ser o velhinho
com muita estória e dinheiro,
Casa e tempo para os netos.
E vou levando as estórias que ainda construo,
e O Eu, que somente quando só e longe,
entendo e encontro tão escandalosamente.
O súbito encontro
com o rosto negro
de olhos pequenos e nervosos
de um toiro que sobe a rua e te avista,
é como encontrar de frente com a própria vida,
amá-la,
e fugir para a segurança da integridade de seus ossos.
Casal punk, ao meu lado.
Sem charme, sem emprego.
Velhotas à frente.
Uma, papa natas, bem mal,
a outra, muito bem,
e à mandar!
Numa esquina da Avenida Liberdade,
começo a fotografar com a caneta!
Enquanto ardiam seu corpo,
Também em Lisboa,
Dormia o meu.
Poucas flores,
Poucos populares,
Bem... menos que merecia,
Pouco mesmo!
Mas, afinal, no que criu,
também morreu.
Da revolução comunista,
é incrível, mas só sobrou o pior:
Pães ruins e iguais,
Eucalipto em lugar de florestas.
Nas cincas de suas dívidas,
vitimados pela sua sedução
ao dinheiro que os faz reféns,
portugas recebem as de Saramago.
Saramago voltou!
Mas logo agora,
Que ele mesmo dizia,
Não está mais lá!
(acordei com o batalhão de choque passando à minha janela, mas logo
depois, nem os soldados lembraram mais).
Nasceu assim.
Ninguém ajudou.
É que feia de tanto como é,
sempre daria,
dava para ajudar!
Porém, de novo,
como há anos antes,
quando a suprema feiúra
me atravessou uma rua,
A beleza fez-se, sei lá como,
presente.
Eu o vi antes.
Faziam bagunça,
seus filhos,
Em uma loja de roupa.
Na rua,
Subiu nas costas de um negão,
Para salvar aos putos,
Um bonequinho de grudar.
Sua aparência,
Mais mon oncle que papai...
Era adorado,
e todos aplaudiam.
Logo aqui, que não gostam tanto de criança!
Bacalhau grelhado,
Futebol,
Carecas,
Origem, a vaga origem...
O que uniria tão diferentes?
A mera, pura,
efemeridade de um curtíssimo convívio.
Pegue um domingo de carnaval, de manhã.
Quatro porquinhos de pelúcia,
Dois pequenos como um pulso fechado,
Um médio, corcundinha para ajudar na aerodinâmica,
Um grande, de perna aberta, para dificultar.
Junte uma criança de oito anos, vestidinho azul,
Com preguinhas, de preferência.
Jogue um porquinho apenas, até perder.
Perdido, quem deixou imita um, o outro,
aprova.
Jogue com dois, comece com os dois pequenos,
E jogue, arremesse, arremesse, jogue.
Atira, atira de volta, vai, e volta,
Até ficar na memória, porquinho que voa.
Afinal, Pigs can fly!
A cada erro, um porquinho se imita,
Um porquinho se soma.
Jogue assim,
Até esquecer quem é!
Jogue até lembrar,
Como é bom esquecer!
Como é bom se largar!
Talvez melhor não fosse,
porém, complicar.
Deixe de fora o buldog branco,
Mesmo bobão, assim avoado como é,
Mais cedo, mais tarde...
O porquinho ele vai mastigar!
Lavem bem a todos com sabão de coco.
Dependure com pregador de roupa de madeira,
dos antigos.
Mas dependure pelas orelhas, para pingarem pelos traseiros mastigados.
As plantas não entendem os muros.
Meu mamoeiro destruiu a cerca elétrica do vizinho.
Banhou seus fios maus de mamões verdes, mártires.
Mas o chorão do vizinho,
Chora em meu telhado,
Dia pós dia.
Nós, civilizadamente,
Ignoramo-nos,
Respeitosos às vontades de nossas plantas.
Poesia
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