Eu xingo.
Eu falo bobagem.
Eu sou assim,
Relaxando, ao menos, sou assim.
Respeito ambientes,
mulheres, idosos,
crianças, estas sagradas,
mas sem estas gentes, xingo!
Mas, de vez em quando,
Aqui em Ouro Preto,
Faço de ir num boteco.
Gosto de um,
com dois, três sozinhos.
Sozinhos, na chegada,
se conhecem,
fazem aqui vidas de pub,
fazem aqui seu “meu bar do Perú”
(uma velha e sagrada confraria de meu bairro).
Mas aqui, com estes poucos,
um jogo sempre, TV pertinho,
são tão educados!
Estes, alguns bêbados,
outros, todos, são tão educados!
Mas aqui, eu, com vergonha,
eu tão grosso,
lembro de minha brancura,
meu jeitão,
minha lordisse.
Então penso...
São educados?
Ou como eu,
estão só envergonhados,
de serem mesmo assim?
Somos assim, melhores uns com os outros.
Posso.
Rabisco sem sentido bobagens sem fim.
Não deixe.
Passar,
perder,
sumir.
Nem deixe,
ficar,
domar,
possuir.
Esqueça.
Siga,
parta,
continue.
Mas lembre,
viveu,
sofreu,
existe.
Cale.
Você é um abusado verborrágico que sequestra a própria alma,
para fazer palavras soarem tal assim, estéticas.
E nem tão tocantes mais elas são.
Melhor era se fossem.
Fale.
Duas tachinhas azuis prendem o meu desenho no mural pelos olhos,
me deixando assim, não sei, meio europeu.
Será que Bibi olhos verde-azulados queira um pai mais como ela?
Já tem. Como somos os mesmos, com olhos tão distintos!
Escalar é melhor que voar,
em especial em árvores.
É estar no ar,
sem perder o pé do chão,
lá embaixo, longe,
onde seu lastro se enraíza.
Sou Pintor de gráficos.
Faço alguns,
com platéia, sempre.
Faço com o giz,
ou caneta de quadro branco,
embora prefiro giz colorido.
Pinto também com palavras,
Densas, firmes e claras,
Quando o quadro é claro,
Densas, firmes e obscuras,
Quando o quadro chama às profundezas da vida.
Faço junto aos gráficos, desenhos.
Animais cubistas, quase riscos,
Quase nada, senão fosse a palavra.
Este é um pássaro,
Aquele, não, seu predador.
E desenho o suave ir e vir da presa,
E o vir e ir, predador.
Prudência ao comer, vida prolongada.
Distúrbios e extinções, vórtices abertos:
Colapso em Y, colapso em X.
Pinto com fervor, marco linhas e tendências,
coloro diferenças, marco e faço
para os olhos que, tensos, me seguem.
A mágica do movimento dos números que seguem ao tempo,
gerados pela vida que simulo.
O suave avançar, o calmo estabilizar,
Calma linha sigmóide,
esconde dor,
Esconde morte.
A vida que exploro em números
é rapidamente colorida para todos.
Com a arte finalizada,
Guarda-pó imundo, olho e admiro.
Cadernos se fecham, alunos se vão.
Apago a arte, que sonho ter imprimido na mente de cada
um.
Poesia
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O senhor SWEDENBORG e as investigações geométricas
Literatura
Crônicas e prosa