Jardins de Palavras em canteiros de versos a cerca de eiras de prosa. Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Domingo, 11 de Setembro de 2011
Uma noite de poemas – já são mais, e a noite acabou.

Flores na sombra de um resto de luz.

Girassóis na sala murcham, murchos, os deixo.

Olhos passeiam nas flores brancas, perfeitas umbelíferas.

 

No resto do escuro, não sei o que é o resto,

Senão as flores, murchas ou tesas, e mesmo assim,

o breu não é preto, nem escuro, é só a ausência.

 

O longe no escuro é o breu negro, mas aqui perto,

a poucos metros, o breu é só discrição.

Tudo o mesmo, mas o lusco-fusco, nada esconde.

 

Se vejo, porém, não sei direito, e não há defeitos.

O mundo em breu fica perto demais, e como está ...

perto de ser só perfeito.

 

Seria se não fosse tudo que há de mais forte e claro,

colorido e reluzente. Afinal, goste ou não, poetize ou não,

um girassol murcho se vê de longe, de perto, se vê no escuro.

 

É uma flor de grande cabeça, corpinho miúdo,

Que triste, magoada, ressecada, e sem recursos,

Nada esconde, sua melancolia, todos terão.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 05:47
link do post | comentar | favorito

Uma noite de poemas - 01:01

A água.

Regar.

Jardim, flores,

Oasis.

 

Regar é o ato de criar oasis.

Regar é o poder de ignorar o mundo,

E fazer seu pedacinho, amado e cuidado pedacinho,

Largado, cheio de mato, pedacinho,

Entulhado, cheio de plantas, pedacinho,

Arrumado, armado, e planejado, pedac...

 

Regar é amar suas plantas e não deixá-las morrer!

Regar é o poder de ignorar o mundo,

O céu,

Os dias,

E fazer de seu pedacinho um lugar lindo no mundo,

Seja o mundo o que o mundo for.

 

E lá encima, tarde, seco, quase frio, a lua abençoaria, se não fosse só um lindo satélite.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 05:01
link do post | comentar | favorito

Uma noite de poemas - 23:25, e o bem, e a falta dele.

Tenho ratos no telhado.

Achei-os gambás,

Certo, são ratos.

Ratos são piores,

Mas se matam mais fácil.

 

O tamanho de seu problema?

Inversa proporcional de sua solução.

Nada é tão ruim por ser ruim,

Mas por ser imbatível!

 

E nada é mais falso que a sensação de que o bem venceu,

quando vencemos. Venceu?

Tinha mesmo certeza do lado que estava?

 

Se vencido estivesse o bem,

não haveria a analogia de luta, nem de vitória.

 

Haveria, o bem.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 03:13
link do post | comentar | favorito

Uma noite de poemas – 22:47

 

 

Um calor de dar briga.

Beba então cachaça,

Mas não saia de casa.

 

Não veja ninguém,

Não converse,

Não se mostre.

 

É calor de dar briga.

Beba e sua.

Sua bebida, seu suor.

 

Mas não veja ninguém.

Sua sozinho, escorre,

Molhe seu ombro.

 

Corpo quente, molhado.

Costas, braços, pescoço.

Toda e qualquer força,

 

Músculo rijo,

Ou pele flácida de carne lerda,

Ou mesmo pedra em forma de gente?

 

Vá suar, que o vento “em vem”.

Dia quente, noite de vento, alma de homem,

Calor de dar briga. Beba cachaça, mas não saia de casa.

 

Não veja ninguém.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:53
link do post | comentar | favorito

Sábado, 10 de Setembro de 2011
Um noite de poemas

Será que consigo?

Sábado, uma noite de calor.

Poemas ao que?

Ao desejo de fazê-lo?

Ao pó, calor,

secura e calor.

Ao céu azul, piscina também?

Criança dormindo,

acordando,

mergulhando feito sereia?

Dois metros, dois e meio.

Vai de cabeça e volta.

Sereia densa e pesada,

a outra, flutua feito pluma.

 

A o que?

A querer fazê-lo? A ter ninguém?

A ter tanta gente, ninguém?

Ao fazê-lo, por querer.

Por nada a não ser,

palavras e mais palavras.

Jogadas, sem rumo, porques,

a o ques,

Lançadas na folha, uma, outra.

Sem nexo, ritmo, nada, a não ser...

 

Sempre há um não ser, que seja.

Palavras pela beleza de serem ditas.

De mostrarem fluir um pensar.

De se perderem em evolução pura.

Sem razão, como a vida orgânica,

pela sorte de surgirem, e sem razão,

mas, inexoravelmente, com as mais terríveis,

dramáticas e belas,

consequências de serem a beleza que são.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 23:45
link do post | comentar | favorito

O Poeta e o Biólogo, e o jardineiro
últimas poesias

Mulheres nas Ciências Bio...

49 completos

Poeminha para a Gabi ler ...

Ode à barata latino-ameri...

Despoema

Laura 1.5

HECATOMBE

Feiurinhas de Ana Beatriz

Em tempos de....

Medos trocados

O Maneta

Dias brancos

Diferentes coisas

Caixa de passarinhos

O que foi?

Fragmento de um poema esc...

Poema resposta: a uma lei...

Diálogo com o destruidor ...

A senda, a folga e a vida

Verdade

Mundinho Cão

O amor, a explicação defi...

De boca

Ela, ele

DETOX

Livros e retalhos

Março 2020

Julho 2016

Junho 2016

Janeiro 2016

Agosto 2015

Maio 2015

Janeiro 2015

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Junho 2011

Abril 2011

Fevereiro 2011

Outubro 2010

Agosto 2010

Junho 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Julho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

pesquisar
 
links
subscrever feeds