“Sozinho, o comandante apagou as luzes da sala. Preferiria não ter matado Dorothy, não havê-la enterrado naquele porto sujo, batido de febre. Bem, podia tê-la desembarcado em terra mais civilizada, mas como pode terminar um amor assim ávido e total, senão com a morte? Andando pelo corredor, que uma réstia de luz iluminava, revia a inquieta e angustiada Dorothy, com seus pés descalços no tombadilho! - , os seios em oferenda a romper o decote da camisa, a boca sequiosa, o ventre em febre e uma brasa ardente.”
Jorge Amado, Os velhos marinheiros.
Passa Miú,
Passa Bibi.
Posso ir no telhado?
Ainda me lembro de cada telha,
de onde quebram, o que se vê de lá...
Uma juventude nas telhas,
ia ali fazer fazer ginástica!
Como podia dizer não?
Foi, seguiu minhas dicas,
E voltou depois de brigar com o gato.
Agora veio de novo.
Sentou na beiradinha,
Ali ficou olhando tudo que eu sempre vi.
Pouquinho, bem pouquinho depois...
No telhado, olhando tudo, eram dois!
“Esta é a bruxa safada”.
“Qual?”
“Esta. Esta é a bruxa safada!”
Desesperei! Que livros damos aos filhos?
O que faria uma bruxa, para além de bruxa,
Ser safada?
E a que cabe uma criança de 10 anos ensinar a uma de sete,
qual é a safada?
Afinal, safada por quê?
Enfim, cheguei perto.
Espiei, escutei... descobri!
Afinal, agora sei qual e’ a bruxa,
Qual é a fada.
Você,
Que está me lendo,
Quieta, em segredo. Segredo, ha!
Claro que não! Sei de tudo.
É você! Pode ler, leia tudo.
Leia cada coisa, detalhe, absurdo.
Leia, mas não ame, não apaixone,
Não se engane.
Não sofra nem ria.
Ei! Você! Leia-me mas saiba,
Não pode me ver aqui.
Só me ler. Leia tudo.
Mas não ache que me vê.
Não me mostro, nem aqui,
Nem lugar nenhum
Nem um é o número,
Quem de mim sabe?
Ninguém, nem quem acha...
O que de novo fiz, mostrei,
Tornei, só sabe deste... este.
Sabem aquelas duas, há de fato,
as duas... Mas elas, sabem de tudo!
Elas, estão acima de todos,
De cada um, uma, cada coisa.
Mas não vão te contar nada.
Não contam nem a elas mesmas.
Elas sabem, pois elas são parte de mim.
Psiu! Você. Leia-me. Leia-me. Não vai nada entender.
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
Na sua cidade tinha disto?
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
Este barulho tec tac
acompanhou minha infância
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac toda....
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
Saquinhos plásticos,
bijus enfileirados.
Devem ser uma delícia
devem ser diferentes,
devem ser especiais.
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
eu não sei.
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
Minha mãe e não comprava
Tec tec tac tec tec tac.
tec tec tac tec tec tac.
Tec tec tac tec tec tac
tec tec tac tec tec tac
mÔço ! Me dá um biju ?
Tec tec t...
Um biju que nunca comi.
Mas não eram nada que eu esperava,
Algo no fundo da minha alma, já sabia
(será que comi biju, não gostei e esqueci?)
Algo na memória é como se fossem piores.
Além de serem sujos, nos seus saquinhos.
Sabe lá quem, de onde vem?
Mas não, de fato, não...
São deliciosos, crocantes e leves,
Preenchíveis com doce de leite,
Bijus devem ser uma delícia, e devoramos.
As meninas, já conheciam bijus.
A mãe delas dá, e nós três,
Infantilizados pelo biju,
Um só adulto olhando, cuidando, e rindo de nós,
Também virou criança e quatro, comiam bijus.
Naquele momento, mundinho criança,
Sumiu-se tudo, e todos os problemas.
Ao conquistar o biju negado,
veio a mágica sensação de que, com
uma só e única mordida esfarelante,
Tudo se acabasse, ou nunca sequer tivesse acontecido.
Fui no tempo e voltei, saciado.
Uma vida nova, já todinha vivida, então começou.
Afinal, biju é bom mesmo, as meninas adoram,
Eu também, sempre adorei.
Pai, quando a gente está na casa da mamãe a gente vira normal.
O que é ser normal meu amor?
É comer carninha normal, arroz normal, verdura normal, feijão.
O não normal é comer macarrão com pesto, carninha temperada,
verdura diferente, tudo isto!
E você, gosta mais de ser o que?
Eu gosto de ser diferente.
Ai se soubesse, como é fácil,
fácil facinho, fazer um pai solteiro feliz!
Aos meus irrevogáveis grandes amores, Laura e Gabi, na poesia do viver cada simples segundo ao lado delas.
Poesia
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O senhor SWEDENBORG e as investigações geométricas
Literatura
Crônicas e prosa