Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
SOFRER, sin. AMAR
Sabia, sabíamos.
Amante de Vinícius, em mim.
Do bruto poetinha,
Do real, homem, Xangô filho.
Que seja, que fosse, sabia,
Ia sofrer demais.
Sofrer era esperado, em parte,
Inevitável parte do amar deste tanto.
É tanto amor assim, que nos brutalizamos.
É um mundo onde não dá mais para amar.
Porque amar é grosseiro, incorreto, dramático,
Pedante ação em desespero, em completo e inesperado...
Ahh desespero, paixão sem rosca ou fim, sem limites,
calão, decência, moral. Paixão em porrada e choro,
Tão deselegante amor, que faz sangrar o cancro do sofrimento.
Amando, vexamosamente, não dá para prender esta dor.
Ela sangra, ela drena, ela escorre, e some, depurando em vexame,
O amor.
Amado amor, sem forma, cor, cheiro, vira os piores odores,
Antes de se tornar...
todas as flores.
Inevitável sofrer, dor que cura tudo, que envergonha os contidos,
Os que sofreram sem amar, os que sofrem por nunca amar.
Sofrer que passa e deixa corajosos corações,
Deixa sobreviver na serenidade da varanda de uma tarde,
Uma vida com cara de tarde na varanda.
Samambaia, balanço, brisa, enfim,
a paz de ter amado tanto que se sabe, agora basta...
Amar para sempre.
Por mais difícil que fosse,
Saint Exupéry mandou buscá-la.
A tua, nem é tão assim, é só uma Rosa.
Única, e a única minha rosa.
Mas rosas murcham fácil,
e assim, murchas, magoam
o jardineiro que, culpado,
só resta, como a Antoine,
Cair. Nenhum grande piloto pode sofrer seis acidentes antes de morrer no último? Pode, mas no fundo, acho que ele se atirava lá de cima, em desespero.