Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Um grande defeito masculino:
O total e inevitável bloqueio emocional,
Irreversível e irritante, causado, pasmem
os distraídos e elas,
Por quase nada, às vezes,
Um mero “me chateia muito”.
É de homem, tenho certeza. Deve acontecer, imagino,
se vem em série,
Se vem ao longo dos anos,
Ou se vem na hora errada, aí tenho certeza de novo.
Se vem depois de uma fala sincera,
Plena, absoluta, verdadeira, mesmo que incômoda.
Em especial, se vem em discordância, legítima ou não...
Se vem cheio, transbordando, de reprovação.
Se vem no lugar de um consolo, se vem com a mágoa que o antes dito
causou, e mais, se o antes dito, era só o que eu senti.
E se o que senti, por pior que se escreva, fosse puro amor.
Amor de homem, desiludido, mas amor. Verdadeiro, bruto, atrevido, inconseqüente, imprevisível, indelicado, insensível, rude, puro, belo, e simples, amor.
O livro deste mês não será publicado. Invés, eu vou guardá-lo em um back-up digital em algum tipo de tecnologia que ficará obsoleta nos próximos cinco anos. Vai se tornar arqueologia bibliográfica digital. Porém, quem sabe guardado, este livro em particular, acabe não chateando mais ninguém.
Se, porém, o leitor acabou de ler um livro de amor, é porque bebi, bebi, bebi, e esqueci o que senti para lembrar do que sentia.