Jardins de Palavras em canteiros de versos a cerca de eiras de prosa. Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Quarta-feira, 30 de Julho de 2008
PAISAGEM - LIVRO 5

 

Paisagem
 
livro 5
 
Feito dos lugares de onde houveram paisagens,
sentimentos, histórias, e outras confissões.
 
Sérvio Pontes Ribeiro
 


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:11
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Paisagem

 

Certas paisagens longínquas,
Exercem efeitos inimagináveis.
Vastidões, com árvores espalhadas,
Verdadeiras mais que belas, e belas,
Por assim o serem.
 
Grandes e tortas, forjadas ao vento,
Secas e poderosas, resistem a tudo.
Grandes e belas criaturas vistas assim,
Sós, e solenes senhoras de todo o tempo.
 
Nesta vastidão, mesmo quando cheia de nadas,
Cheias de ares secos, as verdes pequenas folhas,
Mostram a água escondida na vida e na terra. Paineiras.
O ar embaçado, se embaça com as sementes de algodão.
 
Voam como farelo de vida, o talco do renascer no pó.
Nestas paisagens, vastas e machucadas pelo homem,
Sente-se algo muito forte. Um aperto no peito, dizem as gentes.
Cheio, se sente de tudo. De medo, de susto, de pequenez.
 
Em meios a tanto sentir, sabe-se, e vive-se, a beleza de um mundo que transcende todo sofrer, toda perda, e todo tempo.
 
 


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:09
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Paisagem - Jardim de palavras, poemas.

 

Flores,
Amarelas,
Verdes,
Vermelhas,
Cores.
 
Verdes,
Claros,
Escuros,
Musgo,
Escola,
Muros e paredes.
 
Ramos,
Marrons,
Escuros,
Claros,
Belos nos tons.
Belos na forma.
 
Desenho,
Feito vida,
Feito forma,
Transforma,
Muda, cresce.
 
Canteiro a canteiro,
Estrofe a estrofe,
Construir do pronto.
Plantas e palavras, feitas.
Recriam o mundo, já antes, feito.
 
Jardinar corações, regar sentimentos.
Aspergir lágrimas para nutrir raízes da alma,
Raízes para agüentar o tranco do vento.
Folhas, e rimas, para crescer o sorriso e a paz.
Flores, para florir. Amores, para amar.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:07
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Paisagem - Marina, cão, criança. Atlântico.

 

Ali naquela tarde, céu azul.
Já era noite, mas ainda dia.
Um boxer malhado, tentava-lhe as pernas.
Ela, alegre, pedalava jogando-se de um lado para o outro.
Ele, corria, do outro lado para um,
Ela, trocava as pernas de lado,
pedalando com um só pé.
 
O cachorro era dela, e nada mais parecia ter dono.
Marina do porto, esta era uma granda farra.
Sim, granda, pois aqui é Angra do Heroísmo,
Aqui é Terceira, é Açores, é um lugar de granda beleza,
E o charme de um belo veleiro ao fundo.
 
Mais ao fundo, o Morro Brasil. Chama-se assim.
Pequeno, redondo, e bem verde de urze e juniperus.
Laurissilva ao mar.
De tanto chamá-lo, acaba-se virado para lá, para o Brasil.
Para lá, que se dane além deste morro, não quero pensar.
Ando às voltas daqui, da solidão do eu que busquei,
E vou encontrando.
 
É como naqueles dias que andávamos pelas ilhas quase todas,
A cata de insetos nas copas e nos solos.
Foi naquela tarde, em São Miguel,
Uma gruta deixada há pouco.
Sua boca para o mar,
Suas entranhas de tubo de lava.
Bela e escura traquéia da terra.
No mar, decidi, e avisei:
“vou nadar pelado no meio do Atlântico norte.”
E nadei. Brasucas!
Ela, admirada ou espantada, olhava de lá.
Sobrou a foto, só e pensativo como eu mesmo estava,
E ainda estou.
 
Para além, plantação de tabaco, mãos pertos,
Pensamentos longe da vida, pensando em segredo
no que a vida se tornara.
Pensando em mim, o verdadeiro eu,
Não capturado por esta ou nenhuma situação,
Longe de ser pego por mim mesmo,
Pela minha angustiada busca por soltar alguém,
Que nunca vai existir.
Ali, solto e desincumbido de minha alma escrava
de besta que é,
Vivi o viver, e nunca mais quis voltar.
 
Ali naquela tarde, sabia, um dia ia escrever:
“Foi naqueles dias que andávamos pelos Açores.
Passava semanas ou meses por lá.”
Os Açores, como qualquer ilha, é um lugar de onde parece que
quando se vai, nunca mais se sai.
E aqui, sempre que volto, vejo que mesmo, mesmo, nunca deixei.
 
Fugi até me encontrar mesmo muito só. Acho que era mais ou menos isto que eu queria.
 
Açores, de novo.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:03
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Terça-feira, 29 de Julho de 2008
Paisagem - The year of living dangerously

Ou

Poema para um dia ser perdoado por minhas filhas, e por mim mesmo.

 

Mel Gibson, ferido, sem nada,
Anda em direção ao avião.
Perdeu tudo, diabo de filme no fim...
Será Saigon, Vietnan?
Foge, sem nada, e anda levando a si mesmo, e apenas.
 
No avião, uma mulher lhe abraça,
com a força e jeito que ela me abraça.
Estranho alguém fugir de algum lugar do mundo,
Onde os problemas borbulham.
No mundo, no meu, não há nada disto.
 
Vivo correndo e largando tudo,
Em busca de um novo tudo,
Em busca do já dito lugar no passado,
Onde tudo doía menos, tanto que vale me repetir.
 
Me sinto assim, estes dias, náufrago de minha fuga,
Do navio que afundei,
Da rota que desisti,
Da tristeza que sentia, mas que não me largou.
Da burrice de minha história, e seus lindos frutos.
 
A fuga tem seus dois lados, ou jeitos.
Do jeito bom,
quando se vai, um dia,
retorna.
Para aquele ponto,
Onde,
Um dia,
Tudo,
Tudo,
Se desfez, nos gestos decididos de lhe desconstruir.
 
Pois não é o lugar, as gentes, os jeitos.
É aquilo, que nunca vai, nem ia dar certo,
Que precisa se desfazer, e se desfeito,
Feito benção de benzedeira velha e preta, com arruda, e tudo mais,
É como se não tivesse existido.
 
Sobra a casa, o jardim, as cores, os cheiros, o amor de pai, assim meio amor de mãe.
O amor plantado para um dia perdoar o lavrador.
E sem peso nenhum,
Volta nestas coisas importantes demais, o que de mais importante tinha.
Volta infância, volta amor, volta o sorriso de continuar,
Volta a gente, nova gente, diferente, e pronta para tudo por para fora.
Tudo que um dia ganhou, de bom, e mais amoroso, e guardou guardadinho.
Para brincar no sol da esperança, do perdão, do olhar para frente, e esquecer de buscar lá trás, um caminho para errar de novo.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 23:54
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Paisagem - Madeira

 

É um daqueles momentos,
Onde é difícil até pensar.
Do que se vê, tira-se
a loucura de custar a acreditar.
 
Um mundo não novo,
Como seria se assim nunca visto,
Mas fantástico, por assim se
apresentar.
 
Paredes retas se vão soberbas
e imperiosas a muitos metros e tal,
Cobertas do verde que lhes sobem às costas,
crianças de uma floresta anciã,
a lançarem um olhar de desdém
ao oceano furioso,
que nada lhes pode.
 
Aqui, do meio do Atlântico,
subiram um dia do fundo mais fundo,
De um cuspir da terra,
sem dó nem respeito, um jorro
que criou chão e chãs.
 
Agora, paredes de lava,
conhecidas pelas
crianças-árvores que carregam.
Madeira do passado,
Florestas de um ontem tão lindo,
Linda inda hoje, reluz de pé em penhascos para além.
 
Das sem fim quedas d ‘água,
reluz o verde contra o azul.
Azul marinho,
tem que ser daqui que saiu esta cor.
Em ondas constantes,
massageia o penhasco,
o azul este tão blue.
  
E então, como que num sonho insano
de homem dos trópicos,
Que acostumou com mar verde
lambendo areia branca,
enfeitada de verdes claros e festivos,
uma praia preta, de pó de lava,
faz preto o mar antes azul.
 
O verde é escuro. O preto também.
O Atlântico soberano em seu quase norte,
Sua quase África,
Seu já não mais, Portugal.
 
Tomada e ardida em fogo,
Pelo homem que quer seu,
tudo que o mundo tem.
Hoje tento ser homem seu,
Sem quereres, sem temeres,
Sem nada senão sabores.
 
Com a gratidão por meramente,
e simples apenas,
ter vivido de ontem para hoje,
reanimo quem sou.
Lembro que à felicidade suprema
basta momentos assim,
Neste mundo, tão grande, e quem dera,
Sem fim.
 
Madeira, 2006.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:04
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Segunda-feira, 28 de Julho de 2008
Paisagem - Penhasco Atlântico

 

Pequena casa, das últimas antigas.
Chaminé, paredes velhas, janelas verdes.
Videiras a cobrir paredes, teto, cantos.
Videira pelo jardim, videira penhasco abaixo.
 
Detrás, Atlântico, mais detrás, Madeira de novo.
Aqui, apenas uma pequena casa, anos a fio vendo o mar,
Esperando da terra não mais do que ali permanecer.
Vida inteira, ou não. Todos parecem velhos aqui.
 
A vida, as formas, os jeitos, vão se abandonando,
enquanto as matas voltam, belas como antes,
Antigas como sempre. A terra envelhece com as pessoas,
E mais Europa que nunca, fica-se velho numa ilha,
Como se velho fosse no continente,
hoje refeito em abandono d’alma.
 
Aqui, pensado ser berço de jeitos antigos, só vi os antigos,
Envelhecidos pelo qualquer coisa, ou, escondidos de mim,
Nestes dias sem muita luz, não vi foi nada.
Vesgo ou mesmo cego, só vejo as rochas, os penhascos,
As coisas sem gente, de uma gente que quero esquecer.
 
As ilhas vivem sem muito se importar com nada, pois nada devia haver ali. As pessoas, parecem esquecer de que gente ilha nunca vai ser.
 
Madeira, 2006


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 20:30
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Segunda-feira, 21 de Julho de 2008
Paisagem - Longe e Perto

 

Bastou falar com ela, palavras poucas.
Engraçado é pensar que aqui de tudo fugiria,
e mais uma vez, meu fugir tem mudado,
e não há como não ser, senão uma bizarra busca.
Quanto mais escapo, menos fujo.
 
Aqui, quebra o mar, em ondas do nada,
E nada me chega.
Aqui, nada me escapa, e preso fico,
Ao meu vazio.
 
Busquei o que não tive,
e achei. Afinal,
aqui não é tão longe,
nem tão isolado.
E nem o Atlântico
precisa uma parede ser.
 
E de repente, mais belo até que antes,
Este azul marinho explode nas pedras.
As pedras não ligam, mas se cavam.
E este amor rebrota em mim
a paixão pela luz,
a paixão pelo sol,
pelo buscar,
pelo ir mais longe.
 
Buscando, e não fugindo,
escapo enfim do que me prendia,
pois é ao ignorar o sofrimento
que ele se desfaz em nada.
E se acorda, a tempo,
para um momento que antes tocava, e
agora transcende a qualquer coisa,
no re-aprender do absurdo que é,
querer ver o belo sem sentir o amor.
 
Volto a sorrir para mim e para a beleza sem fim do mundo e suas paisagens – certo de mais uma vez trazer em meu coração um amor para cá, e quando voltar, dividir sempre o amar, onde eu vá, e ela estiver.
 
 
Madeira 2006


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:16
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Domingo, 20 de Julho de 2008
Paisagem - Aqui, em qualquer lugar

 

Um momento assim,
Se vê tão bem,
Se reluz tão forte,
Se vive sem medo,
Se enche do óbvio,
do sentir transbordar o que de dentro,
sempre, vai ter.
 
O amor é de cada um.
O outro só precisa querer,
receber, e devolver.
 
E ele, amor sem dono
e sem começo,
se torna o que sempre foi,
sem fim, sem meio,
sem porquê.
 
Se torna rocha no mar,
se torna onda na pedra.
Forte, a pedra, o mar, a água.
Mas a onda, esta que é nada,
tudo muda, tudo melhora,
Tudo molda e para sempre,
lá vai estar.
 
2006


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 15:32
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Quinta-feira, 17 de Julho de 2008
Paisagem - Lugares, gentes

 

Folheando uma revista de viagem,
Penso de novo no mundo,
Em todos nele, no que pensam de si mesmo.
Página a página em mundos mágicos,
encontro Porto Santo, “paraíso esquecido pelos Portugueses”.
 
Pudera, ilha longínqua de gente caipira, com atrasos do passado
Que já não se vê no continente.
Ilha longe de mim, será? Ali, é só a próxima ilha.
Tão perto, logo ali, a única terra que se avista,
E nem dela nunca tinha ouvido falar.
 
E, logo nela, tão erma e calma, de pouco atrás,
um “portuga” continental me contava de suas farras.
Fugas de discotecas, na tal ilha paraíso português.
Tão aqui, esta gente e seus cantos,
Tão igual, cada gente e cada canto.
 
Como dito antes, não é senão aqui.
E assim, depois, só,
com um tipo açoriano que sabe o mundo e não lhe quer nada senão o existir,
Falo de estar, de viver, e do espetáculo daqui.
O de sentar e assistir a vida passar,
e serem as pessoas de verdade uma verdade boa e longa.
Verdade que, em muitos cantos, as pessoas esquecem de viver.
 
Um espetáculo, que brilha a quem de muito longe vem.
Pois brilha, o mundo de sempre a brilhar,
para além dos falsos copiadores
de ocidente doente,
invés de ocidente mudar.
 
E aqui, no fim de mundo madeirense, com cara de Nordeste,
Fim de mundo Miquelense, com cara de Minas Gerais,
Início e fim de um mundo de fundos e crenças,
Donde as gentes dos lugares com valores,
Vivem a loucura de saber, ser ali um lugar, e o lugar viver,
Sem temer, sem sofrer, sem frustrar.
 
E no mundo de verdade e viveres,
a felicidade de ser gente e gente ser sempre, só isto,
gente e só.
Longe da soberba urbana de quem se esconde deste segredo e mistério,
do bom no pouco e quase nada,
e neste segredo cria a ânsia de fugir e achar no mundo do mundo comum e do “cosmopolitar”,
um viver sem se perder,
onde nada há, senão o recriar deste viver.
 
Simples e para sempre, aqui, Seixal, Cachoeira do Campo,
Mais longe, Mathel Metdfill, para lá de tudo, Vanuatu,
Para cá do nada, Anchieta.
Mesmas gentes, jeitos e viveres.
Felizes ou não, a dor estar no querer ser a besta que se pensa em imitar,
e não ser o bom que se é, e o respeito que tinha que buscar.
 
O mundo é bom em todo canto, mas em cada um,
pedaço ou canto do mundo,
só o vê quem nem busca ali o que o mundo pede para ter.
E assim, sem notar, tem um mundo para si.
 
A vida pede a paz de ver no jovem,
com cara de jovem, corpo, barba, cabelo, roupa ...
e jeito de jovem do mundo, de seu ser jovem,
o estado de continuar a ser o que é, a si, e mais nada.
Pois além, só há o medo de ser a si, e o pânico,
de viver o que não se quer.
 
Para que as pessoas vejam a si,
em cada canto de mundo, só em si mesmas,
e sem ensimesmar,
aprendam a serem a cor do planeta,
a água que não para de brotar,
a chuva que não vai parar de cair,
e uma vida para sempre se amar.
 
Sem perceber o penhasco em luz,
de um canto dos mais belos e felizes do mundo,
Que aprendam seus não-felizes nativos seu valor,
que sejam mais que o time em vermelho em São Tomé da Serra,
onde umas dúzias de pessoas viviam a alegria de uma pelada a jogar,
ao pé displicente da mais bela tarde e serras que há!
 
Portugal, Brasil, mundo, pelo mundo e sua cores, pintadas de amores, que nos levam e trazem, dia por dia, a cada canteiro, flor, árvore, serras e mares.
 
Madeira, em memórias do mundo todo, 2006


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 03:13
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Quarta-feira, 16 de Julho de 2008
Paisagem - Lisboa e você

 

Cidade velha, cidade nova,
azulejos desfeitos, refeitos aos poucos,
busca mudar, sem tanto alterar.
Gente que lá tem, nem sempre merece.
Despreza-se o ser mouro,
o ter enriquecido com o preto,
o ter espalhado seus filhos.
Arrogância com cara de medo,
racismo sem cara nenhuma.
 
Vai mudando nas caras novas,
que vão, que vivem o mundo,
e voltam mudadas para cá, e por aqui,
permanecem para sempre.
A espera do bem, o que sempre esteve,
aqui.
As sombras dos pinus,
dos juniperus, das cores,
dos azulejos,
a paz.
O azul do mar e das coisas,
desenhos de histórias manuelinas,
de cores joaninas,
de cheiros de mar e de peixe,
gambas e sardinhas,
fado.
 
Casinhas em ruas estreitas,
favela um dia, Alfama hoje.
Ruelas em cidade alta, bares e luzes.
Casa a casa, birita a birita,
mistura-se Eça de Queirós
e tremoços com caracóis.
Rossio e Pessoa seguem
em pensamento vago,
longe dali.
 
Naquelas ruas mesmas, tão longe de mim,
um dia vivi outra história.
Tão insana como qualquer vida à parte sempre é.
Ali há tanto de mim,
guardado e sem uso,
que me assusta ver.
Eu, quase português?
Naqueles dias que andava pela cidade velha...
é esquisito não ser.
 
Tão estranho ser parte disto tudo,
sem nem estar aqui.
Algo assim, como amar a mulher errada,
quando sabe-se que cada curva, da cidade,
fascina e encanta,
cada sorriso e olhar, da mulher,
seduz.
Cada movimento,
do bonde, das gentes, meus passos,
criam a paixão com cara de engano.
 
Amar Portugal... por que? Mas amo.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:32
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Terça-feira, 15 de Julho de 2008
Paisagem - Araucária, Itacolomi, Mosquetões

 

Matas, longínquas e distintas.
Pela sua distinção e “posura”,
Pela diferença uma da outra.
Daqui, num só olho,
vejo tantas matas.
 
Araucária, antes muitas, agora sarapinta
o alto das outras, árvores pequenas,
ou só menores.
Árvore, árvore, árvore, árvore,
Como num tedioso desenho da infância,
Árvore a árvore, fazia a floresta no papel.
 
De um lado, verde claro candeia,
Do outro, verde escuro floresta,
De fundo, verde cinza montanha.
Vales, encostas, pontas de pedra,
Sinuoso rochoso, morrotes mulheres,
Cobertas de matas pubianas e capilares.
 
Hoje moro aqui, do lado dela.
Hoje, neste dia de hoje,
Sobem nelas muita gente,
Que eu, assim do meu jeito,
Cá trouxe para amá-las como eu.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 03:10
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Segunda-feira, 14 de Julho de 2008
Paisagem - Êê mundo!

 

A melhor paisagem que há.
Criança feliz,
das mais lindas de todas.
Em uma sala em luz,
no seu canto mais Yin,
Assim, no seu centro.
 
Sentada no colo,
e, de fundo,
as vacas na água,
na sombra da árvore,
ao pé do seu moço.
Um quadro velho,
testemunho das tranquilidades maiores.
 
Um globo quebrado,
segurado no aro,
o pai.
No colo,
a filha,
em sorriso só,
bate mãozinha com força.
O globo gira rápido,
“Êê mundo!”
Menina fala feliz!
 
As terras em cores somem,
E fica o azul do mar,
Mundo rápido, ê mundo!
Deixe de ser terra!
Deixa de ter ar.
Gabi, sorriso e olhinhos:
Pai, o mundo virou cachoeira!


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:19
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Paisagem - Seca e tesão

 

Chega a me excitar.
Estrada lenta, carro em flecha.
Atravesso matas e pastos,
Árvores tais, Acácias de lá.
Uma África como aqui.
 
Também na Takira,
que escuto nos tímpanos.
Que batem como se Madagascar fosse eu.
 
E no sol, que queima ao cortar o ar assim tão seco.
De Brasil-África, origem mesma,
Clima igual, hoje longe,
Mas tudo o mesmo.
 
E cada árvore, então,
quase e meio todas indiferentes,
Rebrotam.
E rebrotos assim, cada árvore corta o ar seco,
como uma chuva para cima,
de folhas novas.
 
Dez ou mais tipos. Tipos de verdes claros.
Gritam em cores as árvores daqui,
Que seca que nada!
Cerrado montano meu.
Tem água no chão!
Sempre, todo sempre, disseram tal coisa.
Árvores, não mentem.
Da água faz verde,
Do sol, deleite.
 
A secura, que eletriza,
É só secura do ar.
Um dia passado,
me erguerei eriçado,
Ao sair vivo e forte,
Na próxima chuva.
 
A seca, afinal, é a vida como a água que ela não levou. E a vida, é puro, mero, e belo, prazer.
 
Seca, 2006.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:16
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Paisagem - Extravagâncias

 

Estes são os anos mais extraordinários
da infância de minhas filhas,
E da minha segunda infância,
de pai.
 
Se tenho que passar algumas,
poucas horas longe delas,
tem que ser para fazer coisas,
que tem que ser coisas,
extravagantemente espetaculares,
ou as horas, não mais,
se justificariam.
 
 
Estes anos, bonitos, e ricos.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:11
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Paisagem - Meu amigo, uma tarde, bacalhau

 

Dão, alecrim, queijo curado,
licor de cachaça mofado.
E de mofo em gole,
vou ficando mole,
e feliz.
 
O velho e último cortiço do bairro
guarda na árvore de frente,
um jardim suspenso.
Com plantas que queria eu ter,
tão velhas quanto o tempo todo.
Importante dizer, que linda!
 
Então, lembro de árvores do passado.
Elas, lá no mato, me jogaram com seus galhos,
em tempos antes de tanto dar tão errado.
Antes de tanto dar tão certo também.
 
Estranho que em uma tarde de paz, felicidade, sol e bacalhau, a vida parece ser boa por ser um belo, sereno e, ultrapassado, empate.
 
 
Sexta feira da Paixão, 2007.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:10
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Paisagem - De volta

 

Uma tela de galinheiro,
Em algo que não, não é galinheiro.
Outras tranqueiras, troços soltos.
Azul, vermelho, risquinhos brancos,
Madeira, engradado, pensei... convés.
 
Sacode todo, treme... uma corda!
Solta, corda de fibras.
Uma alça na corda, quase no chão.
Pula, roda, gira, parece viva, e se fosse, alegre corda!
Sua dança que converte o sacudir em música,
A música vinda do ruído, a dança vinda do sacudir.
 
O tom, a madeira, a luz da tarde que finda,
Balanço também. Mesmos buracos?
De perto, arrisco sonhar com um canto no mundo,
Seus troços e a beleza emanando de tudo.
Cada uma das coisas, que tem coisas que me tocam assim.
O tom é marrom, é áspero, é belo.
 
É só um caminhão. Boleia de madeira,
tranqueira.
Nas suas rodas, perdido.
Go, get lost!
Não, não fuja mais não.
Só dirige. Vai, sua casa, tão boa e bela.
Vai para casa.
 
De volta, maio 2007.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:08
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Domingo, 6 de Julho de 2008
Paisagem - Oda a la Bella desnuda

 

Oda a lo pájaro sofré
Oda a la cebolla
Ode à Neruda,
Que tudo,
Tudo embeleza.
 
E então, de Neruda
me banho, ensaboado
de Caetano, na espuma
de sua fina estampa,
chocado pela sua paloma,
triste.
 
Aqui, vôo afortunado.
Só, a frente da nave,
fiz de minhas pequenas janelas
uma esplanada voltada para os
Andes.
 
Minha mesinha voante,
deixou a floresta e mira,
la doblas un día destocadas
pelo gigante que miro ahora!
 
Assim, sobre a Colômbia,
misturo línguas e sentimentos e,
de maneira extraordinária,
uma delicadeza cristalina com o azul
invernal do céu de 10.000 metros.
 
Verdadeiro como o frio rarefeito sobre o equador, me toca o tudo a volta.
 
De súbito,
e certo de estar onde homem não podia estar,
certo do despedaçar
que tamanha delicadeza e ternura
pode causar,
me despedaço.
 
Cacos de mim, carinhosamente
partidos por tanta sentimentalidade junta,
empaladas nos medos,
feiúras e fraquezas de minha alma,
descem sobre a América Central.
Mergulhando em todo um continente amado
cacos, assim privilegiados.
 
Amados e cristalinos,
da delicadeza que os banharam,
se juntam.
Postos par a par,
refazem a alma do homem,
desconstruído.
Pela vida que herdou,
E pelos caminhos que escolheu.
 
Banhado pela minha absoluta verdade,
Pareço não buscar mais nada.
O pacífico desnuda-se a frente.
Uma vida plena, também.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 18:23
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Sábado, 5 de Julho de 2008
Paisagem - Comida em Panamá

 

Lugar nenhum.
A curva de um prédio de lojas.
Se me pancassem a cabeça,
Zonzo, acordasse e envolta olhasse...
Galeria Tamoios, Belo Horizonte!
 
Mas não é.
É Via del España, Panamá.
De um lado oposto daqui,
A pobreza de espírito transverte em luxo,
Os invasores que insistem após o canal...
 
Bancos americanos,
Ricos americanos,
Hugoboss,
e outros bosses.
 
Aqui, um canto esquecido,
Quem sabe deixado,
Para acolher pobres...
daqueles,
que à riqueza servem
um tal viver.
 
O que seja,
latino americano aqui,
sobrevive
e toda sua feiúra urbana:
pequenas oportunidades.
Banquetas, lojetas,
Varejo, gente, gente
e gente.
 
E no refúgio do ar condicionado
deste pequeno restaurante café,
me tomo bem alimentado,
E profundamente aqui.
 
Como fazer compras no mercado central,
ou em uma rue du commerce que não seja,
Paris.
Encontro com a gente
de um continente de identidade oprimida,
elite confusa,
e um povo feliz, assim,
escrachadamente,
que se despacha, bons entendedores,
e anda para o que seja isto.
 
Filé duro e saboroso,
Arroz e lentilhas, delícia simples, tão,
tão bela, tão própria,
tão ela.
Quando então penso que ia escrever sobre uma paella,
Cidade medieval, Barcelona,
Também comida à margem do turismo vândalo,
Em uma porta de canto,
Para trabalhadores distraídos...
 
Escrevia de um café ao pé de Alfama,
Longe dos fados falsos,
Dentro de Lisboa que nunca ligou tanto,
nem pouco, para turistas e,
que de fato,
nunca, me valha um fado!
foi mesmo invadida.
 
Vejo com olhos convertidos,
Este mundo também meu.
Feito de mim mesmo
E o que isto mais me significa,
Vejo o mundo não roubado,
Suas cores e barulhos.
 
No olhar lindo a minha frente,
Um almoço casual de família
Em dia de trabalho.
A beleza do existir
Em todos que não pactuam:
o massacrar de sua cultura, de seu viver.
 
A América Latina é um mundo de Índios que se acharam em meio ao concreto. Me permitam irmãos, meio índio eu ser, mesmo branco, um mestiço existir!


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 18:26
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Sexta-feira, 4 de Julho de 2008
Paisagem - O choque do azul com o vermelho, no escuro do banheiro

 

Restaurante mexicano.
Daqueles para valer,
Como vinho bom de lugar ruim,
que se bebe e não se vende.
 
Ninguém fingia ser mexicano.
Alguns eram. E o lugar, era.
Santos e anjos do barroco espanhol,
Moldados pelo escuro avermelhado
de cada canto.
 
Frida, que é isto!
As cores não são suas,
Afinal!
 
E então se passeia os olhos,
dos sabores e os cantares,
Com cara de restaurante sertanejo.
 
Mergulhado neste canto centro-americano,
derretido em tequila, portunhol, espanhol,
Francês, inglês, português, francesol,
Que se hablen!
 
Mergulhando no óbvio
e belo só existir,
Mais estátuas, casamento
de caveiras! Caveiras já
há mais de 160 anos,
Diz o garçom, ali,
há mais de 50 anos,
ele mesmo.
 
Me vou, só, determinado.
Parto feliz para o choque que me aguarda.
Despreparado, tomado da urgência de
urinar, o súbito e confuso cenário!
 
Pequenos azulejos azuis,
De um azul claro cor
de fusca, até a linha dos
olhos.
De lá, rasgando desavergonhadamente
a parede até o teto,
Rompendo dilasceradamente
A serenidade do momento,
As certezas da alma, impávido...
O vermelho.
 
O mesmo chocante
Vermelho escorrido
Que um dia
Encharquei na velha
Casa que me acolhia,
Fugindo do mundo
Que me enganava
Os olhos e a alma.
 
O vermelho amado,
Fiel, poderoso como
Amigo mais velho,
Como olhar de pai.
O vermelho das verdades
Que as paixões
Trazem à tona, para
Destruir, ou ao menos,
Desmerecer.
 
O choque se deu então.
Poderoso e irreversível,
Os olhos, cheios de cada
mancha, vermelhos de
escuros e claros vermelhos,
sem rosa, só vermelhos,
se afastam.
 
O olhar, o lembrar, se afastam.
A tristeza, com cara
 de cancro que seca e
se esquece, se afasta
também.
 
 
Derretido e chocado,
como quem vê o
Diabo que um dia
achou só ter imaginado,
Os olhos moles daquilo,
banhados no inferno,
caíram no azul,
piscina,
céu,
criança.
 
Confesso até agora,
Nestas linhas soltas,
ainda nada entendia.
O azul e o vermelho,
Disseram tanto, e ali,
Juntos, no banheiro,
É certo, nunca se falaram.
 
O choque do que eram e foram
eu carreguei,
Sem entender, sem explicar.
E não expliquei,
levei o susto estético que,
a despeito da confusão,
a tudo,
A tudo,
embelezou.
 
Como que se pudesse ver em meio ao
desinteressado mijar,
o susto de dois mundos,
Impossíveis de estarem juntos,
Juntos.
 
E o azul, assim tão
Azul e só, sem a
dubiedade apaixonada
e contraditória.
Sem a dúvida,
a descrença, o azul.
Lindo, simples,
leve e repleto da
inacreditável fé que um pode ter
no que se vê!
 
Pequenos e curtos quadrinhos,
Da mais pura e bela essência
de que na alma,
mora o amor.......
E de que com o amor,
não haverá dor que
Perdure.
 
Hoje, agora, vejo
Fotos que contam
As mesmas cores
Que esta estória
mostra.
Mas, enfim, mergulho
no azul, certo de que
Nunca terei certeza.
Senão,
Apenas a de que
pularei de cabeça no
mais belo lago,
do alto da mais bela
pedra.
 
E no azul da morena
de olhar vívido, de casa
com cacos de mundo,
de filhas repletas de amor
e felicidade,
vou,
para sempre,
nadar.
 
 
Panamá, maio de 2007


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 23:32
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Paisagem - Pedaci de roça, a mais longe de meu mundo

 

Mesma coisa.
O mar, por perto, calado.
Calado estava também.
Metros acima, sejam,
Açores, Madeira, Alentejo.
Aqui, calado. Como sempre,
Quieto ao marcante, e inquietante,
Viver da terra.
 
Se terra floresta, um dia,
Hoje, gado e pasto.
Árvore antes, floresta.
Hoje ainda árvore,
Só, gigante, sombra.
 
A sombra se faz, nativa,
lá longe, nas casas.
Mesma coisa.
E mais ainda, aqui,
Panamá, Azures.
Morrotes, pasto, calor, trópicos.
 
Aqui, mesma coisa,
e é em tudo.
Em volta, mangueira,
lata com planta,
as plantas, as mesmas.
 
Comida, mesma!
Temperos outros, faziam,
pasmem, sabores mesmos.
 
Não fosse o espanhol,
O queijinho com café que,
Este, ha! Este faltou!
O resto, todo, o plástico-toalha,
com desenhos de frutas,
a mesa na varanda,
cimento queimado,
mesmo.
 
Até a pobreza,
a memória perdida,
os escombros de conquistador,
o refazer sobre mortes de índios,
com índias que não se matou, e
escravas que se amou...
o mesmo.
 
O mundo tem coisas
Tão iguais, o pobre
Mundo dos homens.
Na América Latina,
Estes iguais, gritam.
 
Ali, em um cantinho de rio, coberto de mata, cada mata, nativa, ainda é,
 
 
diferente das demais.
 
Panamá, fevereiro 2008


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 14:11
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Paisagem - Para o mar

 

Levei minha caderneta para a areia.
Poemas farei, pois,
Mesmo que eu não goste
deles, às vezes,
nem um pouco!
O poeta acordou meu amor!
E vai escrever!


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 14:10
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Terça-feira, 1 de Julho de 2008
Paisagem - Paris, que nada

 

Leva um tempo,
E algum sofrimento,
para perceber.
Para se ter um ser extraordinário,
Basta ter qualquer um ser,
Humano, que seja,
um qualquer.
 
Leva tempo também,
E muito, para perceber,
Nas tentativas de cercar o bem,
Definir o mal, marcar o belo, certo,
A morada do preconceito,
O fim do amar.
 
Morre o extraordinário possível,
Na voz do que tenta salvá-lo,
E vive, no idiota, imbecil,
No ser estúpido, que, de súbito,
Respira, olha, e elabora, lúcido,
Agora, um momento só e isolado,
Extraordinário.
 
Como é notavelmente frágil,
Fraco, quebrável,
Como prevalece a tristeza do ser assim,
humano.
Frágil a beleza do espetacular,
durável, pesada a constância do estúpido.
 
Todos:
Os iguais, certos, enquadrados,
Os doidos, piratas, perdidos,
Desajustados,
Sem discriminar,
Sem separar.
 
A beata da vadia
calcada no discurso patético-feminista,
Feia ou egoísta
alternativa criatura,
Moderna e safada,
egoísta, e antiga.
Uma só forma,
Do mesmo naufragar.
 
Longe disto, no ar, na água, nadando,
belas e solidamente,
intocavelmente amadas,
superiores ao naufragar geral,
as mais belas e extraordinárias criaturas,
e só precisei amá-las mais do que a mim mesmo.
E elas, quaisquer, surgidas da mais extraordinária e inesperada fonte de amor, hoje, seca.
 
Paris não me disse nada.
Auvergne disse, nas suas gentes simples,
A volta para casa, não disse, gritou!
“Voltou”! É aqui,
Aqui, o mais belo, certo e pronto lugar.
Há momentos assim, sem o sem rumo de antes.
 
Hoje, é certo o morar da alma,
e é no-não-ser-eu.
É no viver-a-elas, e elas de mim.
Paris, puá!
Quartier Latin! Farsa! Arrete!
Notre Dame! Blasfêmia!
Triunfo... ao inferno Eliseu!
 
Nem o couscou, que alergia deu,
Nem os cantos, nada.
Paris, que nada!
Paris, que droga! Nem la chançon,
Nem o cantar,
 
Não é Lisboa, esta sim, fado!
Fado! Fado! Portugal!
Europa sem gringo!
Sem opulência, sem a farsa do falso,
Tolo sonhar!
 
Paris não me disse nada.
Deve ser eu, que não vi.
Não olhei direito.
Não sabia onde olhar.
De verdade, procurei?
 
Mas os franceses, disseram,
e eu, entendi. ..
Disseram não mais, nem menos,
Disseram o que sempre me disse seu Zé,
O Zé Horta, o Canela, o Rogério,
Minha mãe. Ou o bêbado ninguém.
 
O de já visto,
De uma vida que tinha que acabar.
O de já, de agora, viver,
E nunca, nunca mais
Tolices sonhar.
 
Não há nada que poderia me dizer uma paisagem, se não falasse do tão amado regressar. Como não há nada como permanecer, em um ponto que não para de mover.
 
Julho, em casa, 2008


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 18:16
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PAISAGEM - FIM
22 poemas escritos de 2005 a julho de 2008, dedicados aos mundos vistos, ou imaginados.


publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 18:06
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