Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Como baleia solitária, grande, indiferente,
tão grande quanto o que vejo, diria Caeiro,
Não só tão quanto seu tamanho.
Tão grande quanto gemes e declara sê-la.
Baleia só,
no mar vazio do ar entorno de meu corpo.
Louca baleia que sai de mim, se endurece,
Músculos tesos para o salto,
Pois precisa respirar.
E dura, rígida, pula.
Lança-se para fora do mar-ar,
E sai para o ar-mar de você.
Respira aliviada, minha baleia.
Salta feliz na úmida atmosfera de dentro de ti.
Baleia tropical, ama o calor de seu ar,
Delirante tempestade tropical,
Que envolve e aperta seu corpo truculento.
Então, cheia de si, feliz, no alto do salto para dentro de ti,
Baleia faz o que faz...
Abre seu opérculo,
Líquido branco, enevoado do mar de si,
salgado como o mar de nós,
A baleia respira, e jorra.
E sorri, baleia infantil,
Como em um desenho pueril.
A minha baleia, como feito por criança,
Em papel colorido em azul,
Não quer afundar de volta ao ar.
Para sempre, dentro de ti, boiar.
Assim, parado o blog,
Parada a mão, não o coração.
Escrevo, escrevo, escrevo,
Ainda, com cara de desenho,
Escrevo em rascunho,
No caderno de esboços.
Como esboços dançantes das melhores
Memórias,
Permaneço, só, e nunca desacompanhado.
Permaneço.
E sempre sigo.
Vejo sem olhar, cheiro para dentro,
Te respiro na saudade,
Material, sólida e perfumada,
Pedaço de carne dentro de mim.
Tenho sem ter, é, sem nunca acabar.
Mãos andantes, tempo sem ter,
Sem tempo de ter... parado, tudo está.
Logo, aguarde, logo, vai mudar.
Isto aqui vai ser só flores,
Um jardim com todas as palavras,
Velhas palavras,
Novas, no arranjar.
Em breve, vou sonhar,
Terei flores no mar,
Para me pensar baleia,
Te pensar meu ar.