Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
Pequena casa, das últimas antigas.
Chaminé, paredes velhas, janelas verdes.
Videiras a cobrir paredes, teto, cantos.
Videira pelo jardim, videira penhasco abaixo.
Detrás, Atlântico, mais detrás, Madeira de novo.
Aqui, apenas uma pequena casa, anos a fio vendo o mar,
Esperando da terra não mais do que ali permanecer.
Vida inteira, ou não. Todos parecem velhos aqui.
A vida, as formas, os jeitos, vão se abandonando,
enquanto as matas voltam, belas como antes,
Antigas como sempre. A terra envelhece com as pessoas,
E mais Europa que nunca, fica-se velho numa ilha,
Como se velho fosse no continente,
hoje refeito em abandono d’alma.
Aqui, pensado ser berço de jeitos antigos, só vi os antigos,
Envelhecidos pelo qualquer coisa, ou, escondidos de mim,
Nestes dias sem muita luz, não vi foi nada.
Vesgo ou mesmo cego, só vejo as rochas, os penhascos,
As coisas sem gente, de uma gente que quero esquecer.
As ilhas vivem sem muito se importar com nada, pois nada devia haver ali. As pessoas, parecem esquecer de que gente ilha nunca vai ser.
Madeira, 2006