Jardins de Palavras
em canteiros de versos
a cerca de eiras de prosa.
Em 2008, um mês, um livro, desde julho
ou...
Poemas para um dia ser perdoado pelas minhas filhas.
Mel Gibson, ferido, sem nada,
Anda em direção ao avião.
Perdeu tudo, diabo de filme no fim...
Será Saigon, Vietnan?
Foge, sem nada, e anda levando a si mesmo, e apenas.
No avião, uma mulher lhe abraça,
com a força e jeito que ela me abraça.
Estranho alguém fugir de algum lugar do mundo,
Onde os problemas borbulham.
No mundo, no meu, não há nada disto.
Vivo correndo e largando tudo,
Em busca de um novo tudo,
Em busca do já dito lugar no passado,
Onde tudo doía menos, tanto que vale me repetir.
Me sinto assim, estes dias, náufrago de minha fuga,
Do navio que afundei,
Da rota que desisti,
Da tristeza que sentia, mas que não me largou.
Da burrice de minha história, e seus lindos frutos.
A fuga tem seus dois lados, ou jeitos, e do jeito bom,
quando se vai, um dia,
retorna.
Para aquele ponto,
Onde,
Um dia,
Tudo,
Tudo,
Se desfez, nos gestos decididos de lhe desconstruir.
Pois não é o lugar, as gentes, os jeitos.
É aquilo, que nunca vai, nem ia dar certo,
Que precisa se desfazer, e se desfeito,
Feito benção de benzedeira velha e preta, com arruda, e tudo mais,
É como se não tivesse existido.
Sobra a casa, o jardim, as cores, os cheiros, o amor de pai, o amor de mãe.
O amor plantado para um dia perdoar o lavrador.
E sem peso nenhum,
Volta nestas coisas importantes demais, o que de mais importante tinha.
Volta infância, volta amor, volta o sorriso de continuar,
Volta a gente, nova gente, diferente, e pronta para tudo por para fora.
Tudo que um dia ganhou, de bom, e mais amoroso, e guardou guardadinho.
Para brincar no sol da esperança, do perdão, do olhar para frente, e esquecer de buscar lá trás, um caminho para errar de novo.
Maio 2006